domingo, 22 de dezembro de 2013

Mandela e o discurso de igualdade humana

 
Fui criada escutando diversas piadas de negros, principalmente de minha querida e amada vó, que ainda hoje se diverte a valer em contar. Eu jovem sempre revidava, e logo era lembrada de pentear meus cabelos cacheados, de negona. O preconceito esconde-se em momentos certeiros onde achávamos que nada lá tinha. Tenho muito respeito pelas senhoras negras que vejo, deve ter sido muito difícil crescer na vida e se estabelecer, em um tempo ainda mais desigual e machista.
 
Com a morte de Mandela fiquei pensativa sobre os afrodescendentes e sua histórica jornada sofrida, mas extremamente cultural: complexa, consistente e visceral. O preconceito existe dentro de todo mundo. É inerente a meros mortais comparar, rotular e subjugar quem os cerca. É perceptível uma grande evolução social no que diz respeito aos direitos humanos e é óbvia a constatação da igualdade dentre todos esses seres pensantes. Ainda bem, agora a tendência é agir para que qualquer tipo de agressão seja empaticamente repreendida.
 
Todos precisam se sentir iguais para se permitirem ser diferentes e então mudar. Aquele negro seja ele como for, tem descendência de várias lutas, guerreiros de fé que passaram por sérias provações. Uma negra, só por ser negra, merece um prêmio por ser base de sustentação de toda esta nação quente e tropical. É inexplicável trajetórias de justiça e força como a de Mandela, que transformam a humanidade do mundo, atrelados a sua ideologia ate o último suspiro. Pessoas que alcançam o poder, mas sentem-se e agem como verdadeira parte das minorias, dos escravizados
 
Uma vez conversando com minha filha me peguei sem saber se a professora era preta ou moreninha. Na mesa de bar, com amigos multicoloridos contei minha dúvida e fui contestada pelos negões presentes. Eu sou preto! Ela é preta!, auto afirmaram-se. Chegamos à conclusão de que a ofensa vem do contexto, e do tom, do que se fala. Afinal de contas, se existe o branco, o preto pode muito bem coexistir. Eu logo corrigi minha filha: A tia é preta filha, é linda e maravilhosa. E minha pequena simplesmente concordou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário